segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Anacrônico


''Hoje acordei com sede de palavras, de expressão, de desabafo, então decidir voltar a antigos hábitos, depois de 1 mês e alguns dias sem escrever naada aqui, decidir postar alguns texto e desabafos que fiz a algum tempo atrás... Ja que hoje desabafar de verdade só com Deus e o meu blog...''



...Estou de salto. Passei maquiagem e até coloquei aquele vestido que você elogiou uma vez. Desobedeci meus pais. Deixei de lado minha última promessa. Quebrei meu cofre. Olhei no espelho antes de pegar a chave, e vi no reflexo o quanto mesmo depois de tanto tempo, você ainda me fazia ficar parecendo uma boba.
Desci as escadas e lá estava você e eu estava vestindo a blusa que você me deu de aniversário. Exatamente com o mesmo sorriso que deixei. Caminhamos alguns minutos por aquela rua meio deserta que fica perto aqui de casa. Lembrei de todas as vezes que ficamos sentados ali na calçada conversando. Que saudade da sua voz. Que saudade do seu perfume no ar misturado com o meu.
Falamos de trabalho. Estudos. Da viagem. Das suas garotas e dos meus novos amigos gays. Minha vontade era de calar sua boca, porque cara, ouvir sobre seu presente e lembrar que o tempo passou, que os momentos bons hoje ficam apenas na lembrança é dificil. Mas você gosta de mostrar o quanto sua vida mudou. Tudo bem. A minha também mudou bastante. Mais alguns passos. Mais algumas risadas. Chegamos.
Sabia que sair naquela sexta não era uma boa ideia. A cada coisa que dava errado enquanto eu aprontava, tipo achar meu sapato e o secador, tinha mais certeza disso. Mas eu sou teimosa (e você sabe disso) e nem ligo pra essas coisas. Iria até de pijama. Não pense que pirei. Eu só precisava saber até onde eu ainda iria por você, tudo , pra saber como você ainda está.
Aquela multidão me fazia querer te abraçar. Eu odeio multidões e adoro música alta daquelas que me faz esquecer meus pensamentos. Mas eu amo você, quando isso nunca é por acaso, quando chego ao ponto de dizer a uma pessoa que amo, acredite, é realmente amor ! . Poderia jurar então que não estava tocando música alguma. Jurar que as pessoas ao nosso redor nem existiam. Eu só tinha olhos para os seus olhos. Como eles brilhavam. E eu sentia que um terremoto estava prestes a acontecer toda vez que você chegava mais perto. Diz no ouvido. Não tô ouvindo. Diz com a boca, mas diz na minha, porque é assim que vou entender tudo de mais importante que você tem à dizer.
Uma bebida. Sua barba. Luzes piscando. O xadrez da sua blusa. Roda gigante. Seus olhos. Mãos na cintura. Poeira levantada. Sua boca. Minha boca. Nossa respiração. Foi.
Mesmo tendo vivido tanta coisa longe um do outro, algo ainda me conectava em você. Eu nem precisava contar nada. Sabíamos só de olhar. Independente das outras mensagens da caixa de entrada. Independente de onde estaríamos no próximo final de semana.
Lembro que você me perguntou como seria depois. Você levantou meu rosto com os dedos e perguntou porque eu estava triste. Eu te olhei e respondi que não era tristeza. Era alívio. Por saber que ainda existe alguma coisa no mundo que faz meu corpo tremer.
Nos abraçamos e ficamos conversando o resto da noite. Até você me deixar na porta de casa. Até eu te perder de vista na esquina. Deitei na cama do mesmo jeito que cheguei. Bati porta, ignorei broncas e deixei a luz apagada. Fico imaginando como seria voltar no tempo. Como se isso fosse mudar alguma coisa. Colocar a culpa no destino parece tão fácil quando o que falta mesmo na gente é coragem. Mas tudo bem. Em algum momento eu me perderia daqueles pensamentos e dormiria. No outro dia tudo fica menos complicado. Não é assim? Pra gente não.
Antigas lembranças nos levam para antigos lugares. Antigos lugares nos levam para antigas escolhas. Dúvidas são sempre uma merda (E você sabe que eu penso ixatamente assim )
Sabe aquela maldita sensação que fica quando um filme de comédia romântica acaba? Aquela que vem depois do “felizes para sempre”. The End. É exatamente assim que me sinto toda vez que a gente se vê. Sei que é pra sempre, mas sei também que mesmo assim, acabou.
E hoje, to tranquila, existe sentimento, mais não existe mais o 'nos dois'.
''Porque a vida segue. Mas o que foi bonito fica com toda a força. Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga. E a gente lembra. E já não dói mais. Mas dá saudade. Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o coração vive tentando deixar pra trás. ''

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