Você aparece no sorriso do Ian Somerhalder, no meio do último
episódio de The Vampire Diaries. E se esconde no meio da letra da música
“Sei” do Nando Reis. Você circula pelos rostos de desconhecidos nas
esquinas em que eu viro. E tem mania de se disfarçar nas gargalhadas
alheias. Você finge que vai embora, que se mandou de vez, e aí aparece
na minha memória no meio de um encontro com o carinha da minha
faculdade, só para me lembrar que nenhum outro consegue provocar o mesmo
efeito que você.
Você se agarra em meus textos, só para impedir que qualquer outro
vire protagonista de minhas histórias. Você abraça todas as músicas do
meu iPod, só para eu me lembrar de você em cada suspiro dos meus
cantores preferidos. Você está por perto quando eu vou a farmácia,
quando corro na esteira da academia e quando coloco a cabeça no
travesseiro e faço um esforço tremendo para não me lembrar mais de você.
Aliás, fazer um esforço tremendo para te esquecer é tudo o que eu
tenho feito nesses últimos dias. Mas você nem precisa se esforçar para
me fazer lembrar. Eu te enxergo na nuca do meu vizinho carioca. A parte
de trás do cabelo dele tem o mesmo corte que o seu. Eu te escuto na
ligação que minha melhor amiga recebe do namorado, porque eu SÓ consigo
pensar que eu queria que você me ligasse também. Eu vejo seu olhar de
decepção no meio da mensagem que escrevo para o carinha com quem eu ando
saindo, só para me provar que meu coração não tem dono. Mas ele tem.
Eu escuto suas broncas quando faço algo errado. E ouço seu riso
enquanto assisto aos filmes que nós custumava-mos assitir. Eu sinto seu
cheiro quando alguém parecido com você passa por mim. Eu vou atrás de um
estranho no ônibus pensando que é você. Eu tremo inteira quando um
número desconhecido começa a me ligar. E quando o Facebook avisa sobre
alguma notificação, eu sempre acho que pode ser VOCÊ tentando me ganhar
outra vez.
Mas é no momento em que eu penso em você enquanto cantarolo “Estranho
seria se eu não me apaixonasse por você” que eu canso de fugir. Derrubo
as minhas próprias barreiras, deixo as paredes que construí em volta do
meu coração desmoronarem e, sem defesas, me rendo. É, eu me rendo.
Porque te esquecer eu não posso. Então, só me restar te amar sem medo. E
eu te amo.
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